Quando pensamos em apresentar nossas qualificações para uma oportunidade de emprego o nome Curriculum Vitae vem logo à mente.
No entanto, não acho que ele é termo mais apropriado, pois a tradução literal do latim é:
Curso de sua vida!
Se um Curriculum Vitae fosse levado ao pé da letra deveria começar assim
Era um domingo de manhã quando eu nasci…
e terminar assim:
… e aqui estou eu escrevendo esse curriculum vitae.
Ou seja, uma visão escrita da formação acadêmica, publicações, qualificações profissionais e pessoais de uma pessoa. Um registro completo da carreira de alguém. Deveria ser um retrato detalhado de tudo que você fez na vida.
Isso pode ser muito longo.
É por isso que prefiro o termo usado em alguns países, Résumé.
Um Résumé é um breve resumo de 1 a 2 páginas de qualificações e experiência de trabalho para fins de emprego, e muitas vezes apresenta apenas destaques recentes.
Portanto, num Curriculum Vitae pode ter informação demais, desnecessária, e que acabe atrapalhando mais do que ajudando. Enquanto que um Résumé deveria conter o que a pessoa responsável pelo processo de contratação precisa saber para tomar uma decisão.
Se você construir um Résumé ao invés de um Curriculum Vitae, você já sai na frente da competição.
Mas, ainda existem 10 áreas que seu Résumé deveria se preocupar em contemplar para garantir que você receba o convite para a próxima etapa do processo seletivo.
Vamos falar um pouco sobre elas…
1# Você é o mais importante!
A primeira dessas áreas diz respeito à estrutura do seu Résumé.
Já aconteceu de alguém te pedir para mandar um modelo de Currículo para ela poder fazer o dela? Talvez você já tenha pedido a alguém um modelo para fazer o seu.
Isso é péssimo na maioria das vezes, porque nestes casos, você passa a ser apenas responsável por preencher espaços:
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Seu nome vai aqui;
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Sua idade vai alí;
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Os cursos que você vão acolá.
E assim vai.
E o problema disso é que se essa estrutura foi mal pensada. Se algo foi deixado de fora. Ou ainda, se suas qualidades e qualificações particulares não fizerem parte desse modelo, podem ficar de fora.
O que quero discutir aqui é justamente essa estrutura. As áreas que o seu Résumé deve contemplar. A formatação, a diagramação, as cores, é o que menos importa.
Na realidade a dica é: MENOS É MAIS!
Aqui estão as perguntas que seu Résumé deve ser capaz de responder.
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Porque você quer trabalhar aqui?
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Como faço para saber mais sobre você?
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Quais suas qualificações acadêmicas?
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Quais suas competências técnicas?
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O que você vem fazendo profissionalmente até aqui?
Saber responder inteligentemente a essas perguntas através do seu Résumé pode ajudar muito no processo seletivo.
A primeira até é fácil. Coloque seu nome lá no começo da página, grande e claro de ver.
Pronto, agora eu sei com quem estou falando.
As próximas etapas são mais sutis. Vamos a elas.
2# Por que você quer trabalhar aqui?
Quais você acha são as chances de você saber mais sobre uma empresa onde está participando do processo seletivo, do que as pessoas que estão conduzindo o processo e que já trabalham lá há anos?
Você se surpreenderia se eu dissesse que essas chances são enormes?
Dá para imaginar o impacto positivo que você causaria se conseguisse se destacar dessa forma?
Na realidade isso é muito fácil de fazer, se você quiser ter esse esforço…
Veja três exemplos de objetivos muito comuns em currículos:
“Desejo colaborar em um ambiente de trabalho onde possa colocar em pratica meus conhecimentos em favor da instituição na qual viso integrar, focando sempre o beneficio e o crescimento da organização e o crescimento profissional.”
“Em Busca de uma oportunidade para desenvolver e melhorar meus conhecimentos, e também algo que possa me instruir de forma crescente e contínua, visando sempre o crescimento entre eu e a empresa.”
“Contribuir com minhas habilidades em benefício desta renomada instituição, fazendo parte efetiva do grau de colaboradores, tendo compromisso, respeito e fidelidade como funções principais.”
Todos eles tem uma coisa em comum, eu poderia colocar qualquer desses objetivos em qualquer empresa:
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Uma padaria;
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Um escritório de advocacia;
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Uma empresa de consultoria;
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O ministério de educação;
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e até a agência espacial americana (NASA).
Sabe porque eu poderia fazer isso? Porque esses objetivos são impessoais e genéricos.
A seção do seu currículo onde você explica seus objetivos é sua primeira grande chance de causar uma primeira grande impressão.
Veja um exemplo de um objetivo diferente:
“Eu gostaria muito de trabalhar na empresa ABCDE, no setor de logística por algumas razões muito específicas. Primeiro adoro a Itália e trabalhar numa empresa de origem italiana seria a realização de um sonho. Além disso fazer parte de uma organização que cresce a uma taxa de 120% ao ano é uma experiência para poucos. Por fim, o programa de cargos e salários de vocês é focado em recompensar resultados e o atingimento de metas que é algo com que me identifico e com o que me sinto confortável.”
Tenho duas perguntas sobre esse objetivo:
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Você continuaria lendo um Résumé assim?
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Dá para fazer isso com qualquer vaga?
Respondendo a primeira pergunta, SIM, a maioria das pessoas ficaria curiosa de saber mais sobre essa pessoa.
Em relação à segunda pergunta a resposta também é SIM. Fazer um objetivo sob medida é fácil demais. Basta você pesquisar sobre a empresa, sobre a vaga, sobre seu crescimento, seu plano de cargos e salários, seus produtos. Pesquise o máximo que puder sobre a empresa, e mostre o quanto a conhece na seção onde você fala do porque deseja trabalhar lá.
Talvez você até conheça alguém que conhece alguém que trabalhou lá e que pode dar informações de bastidores para você.
E a empresa vai saber que você quer trabalhar lá, porque esse Résumé não serve para lugar nenhum mais, afinal de contas você está citando a empresa e vaga nominalmente.
Além de outros detalhes tão específicos que não cabem em outra empresa. Na realidade talvez não caiba nem em outro departamento da mesma empresa.
Dica: Faça sua lição de casa e mostre o quanto você quer essa vaga nessa empresa.
3# Como faço para saber mais sobre você?
Essa é uma seção muito negligenciada, mas que pode ter um impacto significativo no seu sucesso ou fracasso no processo seletivo.
É aqui onde você dá seu dados de contato e algumas informações pessoais. Alguns exemplos de informações dessa seção são:
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Idade
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Sexo
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Local de residência
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Telefone
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Celular
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E-mail
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e…
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Redes sociais
E é aqui onde muita gente perde suas chances. As redes sociais.
Antes uma pergunta: Você acha justo que uma empresa use sua vida pessoal como critério para lhe tirar de um processo seletivo?
A resposta para essa pergunta é: Não importa o que achamos sobre isso. Se é público então quem quiser pode consultar o que quiser.
Portanto, quer você ache certo ou errado, saiba que se uma organização tiver acesso às suas redes sociais, há uma grande probabilidade dela espiar sua vida pessoal antes de tomar uma decisão sobre sua contratação.
Mas e se minhas redes sociais são privadas com a acesso restrito?
Pense assim, talvez alguém da empresa, conheça alguém, que conhece alguém que tem acesso à sua rede social.
Portanto, se há algo embaraçoso lá, que você julga seguro porque sua rede é privada, isso não é segurança nenhuma. A segurança é refletir sobre que mensagem você quer passar com suas redes sociais.
O caso particular do LinkedIn
Se por uma lado, você pode querer suas redes sociais privadas, há uma delas que você quer aberta. O LinkedIn. E se você ainda não tem uma conta, vale a pena considerar seriamente criar uma.
O LinkedIn nada mais é que uma rede social voltada para o profissional. Lá suas informações são profissionais, e os assuntos tratados são do interesse de profissionais como você.
Diferente de um Résumé, no LinkedIn você pode colocar todas as informações sobre sua vida profissional que desejar.
Muita pessoas que trabalham com recrutamento e seleção usam o LinkedIn como mecanismo de busca para encontrar candidatos interessantes para suas vagas.
Dica: Reavalie as informações pessoais que você disponibiliza nas suas redes sociais. Muita exposição pode comprometer sua carreira. E considere disponibilizar suas informações profissionais no LinkedIn, e colocar esse link no seu Résumé na seção onde você informa seus contatos.
4# Quais suas qualificações acadêmicas?
Tudo o que um avaliador ou avaliadores de um processo seletivo não quer é perder seu tempo entrevistando pessoas que venham a ser desclassificadas do processo. Eles correm dessas situações o mais rápido possível.
Me diga se você vê algum problema na seguinte descrição da situação acadêmica de uma pessoa.
Curso de Administração de empresa. Faculdade ABCDE, cursando o 6 período.
Há na realidade um grande problema.
Há uma expectativa que foi criada e pode não ser real. E não há nada pior do que uma expectativa não atingida.
No exemplo acima, estar cursando o sexto período sugere que em um ano e meio essa pessoa vai terminar o curso.
Mas isso não é necessariamente verdade. E se ela tiver algumas cadeiras pendentes em semestres anteriores? Pode ser que mesmo que ela passe em todas as disciplinas daqui para frente, mesmo assim, ela ainda vai demorar mais tempo para ser formar.
Na prática se a data de formatura for importante para esse processo seletivo em particular, uma avaliadora experiente não vai querer arriscar o tempo dela entrevistando você só para descobrir que você omitiu na sua descrição essa informação essencial.
Dica: Em relação à sua formação, se já concluiu a mesma, informe quando isso aconteceu. Mas se a formação ainda está em andamento, deixe muito claro a data em que a mesma será concluída. Assim nem você nem quem está conduzindo o processo perdem seu tempo.
5# Quais suas competências técnicas?
Como vimos acima a pessoa responsável pelo processo seletivo não quer perder tempo com alguém só para ela ser desclassificada posteriormente do processo.
Logo se houver a possibilidade disso acontecer é preferimos nem colocar a pessoa no processo.
Isso pode acontecer também na seção de capacitações.
Essa seção diz respeito a todos os cursos que você fez de forma complementar à sua formação principal.
As quatro informações básicas sobre seus cursos
Há quatro informações para cada capacitação que você mencionar que você precisa ter em mãos, caso contrário, é melhor não colocar essa capacitação no seu Résumé.
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O nome da instituição onde fez a capacitação: Se você menciona um curso e não menciona o local onde ele foi feito, quem lê seu Résumé pode imaginar que o lugar é tão ruim que você preferiu omitir. E se esse for o caso você não deveria colocar esse curso no seu Résumé.
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O período em que realizou a capacitação: Se você não menciona a data ou período quando fez esse curso, quem lê pode imaginar que a razão é que você fez a tanto tempo que se alguém soubesse a data isso falaria contra você. Ou seja, seu curso é tão velho que você não quer mostrar a data. E se esse for o caso você não deveria colocar esse curso no seu Résumé.
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Carga horária da capacitação: Todo curso tem uma carga horária. Se você não menciona a carga horária de algum dos cursos que estão no seu Résumé, quem lê pode imaginar que é porque o curso não tem uma duração compatível com o conteúdo. Quem lê pode imaginar que foi algum corrido demais e que não agregou valor à sua vida. E se esse for o caso você não deveria colocar esse curso no seu Résumé.
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Certificado: Se você não tem um certificado desse curso que fez, você nega a quem está conduzindo o processo de validar se o que você disse nesta seção é verdadeiro. Sem certificados qualquer pessoa pode dizer qualquer coisa, fazendo com que o avaliador perca seu tempo para descobrir isso. E se esse for o caso você não deveria colocar esse curso no seu Résumé.