É sempre impressionante quando você conhece alguém que entende muito de alguma coisa. Pode ser esportes, ou moda, ou cinema ou qualquer outro assunto.
Essa pessoa se destaca por que é capaz de lembrar detalhes impressionantes sobre aquele assunto.
E muitas vezes pensamos que isso é um dom. Algo que elas têm e nós não.
Mas a razão para isso, talvez seja algo muito menos misteriosos do que uma habilidade divina.
Talvez a razão por que essas pessoas sabem tanto de alguma coisa, seja simplesmente por que ela vivem pensando, lendo, assistindo e conversando sobre essas coisas. Elas simplesmente adoram o assunto.
Não parece razoável que quem gosta muito de alguma coisa acabe dedicando muito tempo a essa coisa? E como consequência acabe sabendo mais sobre ela do que a maioria das pessoas?
E se eu te dissesse que existe uma técnica que você pode usar para saber muito sobre qualquer coisa, mesmo que essa coisa não seja uma paixão sua.
Essa técnica se chama Repetição espaçada e é sobre isso que quero conversar com você.
Essa técnica é muito mais poderosa quando você trabalha ela junto com outra técnica chamada Revisão ativa.
O QUE É REPETIÇÃO ESPAÇADA
Basicamente Repetição Espaçada é o ato de dar intervalos ao longo de um período de tempo quando você estiver estudando um determinado assunto.
Isso é o contrário do que muita gente faz, que é tirar um determinado dia para se concentrar em todo o material de um determinado assunto.
O problema disso é, como você talvez já tenha tido a oportunidade de perceber, que o tempo que a informação fica em sua mente é muito pouco.
Se você precisa lembrar dessas informações em um período de tempo mais longo, então a Repetição Espaçada é a sua ferramenta.
Com a Repetição Espaçada você distribui seus estudos ao longo de um período mais comprido de tempo e revisa certos tópicos de tempos em tempos.
A razão científica porque isso funciona é a chamada Curva do Esquecimento
A CURVA DO ESQUECIMENTO
A curva do esquecimento nada mais é do que a ideia de que se estudarmos algo e demorarmos muito para revisar isso, com o passar do tempo vamos esquecendo o que estudamos sobre esse determinado assunto.
Nada de novo até aqui.
Mas o que a ciência descobriu foi que se nós interrompemos essa curva com revisões passamos a esquecer menos.
Assim se tivermos um número suficiente de revisões vamos esquecer muito pouco de um determinado assunto.
VOCÊ PRECISA ESQUECER UM POUCO PARA LEMBRAR MUITO
Exato!
Mas a ciência pode nos ajudar a aproveitar melhor o que todo mundo sabe para conseguirmos mais resultados do que a maioria.
E uma lição que podemos tirar da psicologia é que quanto mais difícil for para seu cérebro se lembrar de um determinado assunto, mais forte essa memória fica gravada nele.
Logo, quando você revisa um determinado conteúdo em intervalos de tempo suficientemente grandes para você esquecer alguma informação, você não está somente revisando, mas está forçando seu cérebro a buscar essa informação novamente.
E quanto maior for o número de vezes que isso acontece, mais essa informação vai se solidificando na sua memória.
Assim, se você quer realmente lembrar algo que estudou você tem que dar a chance de seu cérebro esquecer o que estudou.
Um bom modo de fazer isso é dar intervalos cada vez maiores entre as revisões de um determinado tópico.
Assim, se você estuda um assunto hoje, espere quatro dias para revisar, e depois espere uma semana para revisar, e depois espera um mês para revisar.
A cada revisão você vai perceber que algo foi esquecido, mas vai também perceber as coisas que você não vai mais esquecer.
ESTUDANDO MENOS, VOCÊ APRENDE MAIS
Agora sabemos que dar intervalos entre os dias em que revisamos um determinado assunto pode ajudar em muito a fixar esse conteúdo.
Mas será que isso funciona se aplicarmos essa mesma ideia num mesmo dia?
Um estudo interessante ajuda a entender como podemos aproveitar melhor nosso dia de estudos.
Neste estudo, os participantes tinham que memorizar um conjunto de palavras em um língua estrangeira e suas traduções. Só isso. Mas os pesquisadores dividiram os participantes em 4 grupos.
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O Grupo 1 devia ler a lista de palavras uma única vez e depois fazer um teste logo depois;
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O Grupo 2 devia ler a lista de palavras uma vez, repetir a leitura uma segunda vez e então fazer o mesmo teste;
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O Grupo 3 deveria ler a lista de palavras uma vez, e repetir a leitura dessas palavras algumas vezes para então fazer o teste;
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O Grupo 4 deveria ler a lista de palavras uma vez, dar um tempo e ler de novo, dar um tempo e ler de novo, fazendo assim algumas revisões espaçadas.
Veja os resultados
Observe que:
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Quem somente leu a lista uma vez, memorizou cerca de 5% dos nomes;
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Quem revisou uma vez, depois de ler os nomes, conseguiu memorizar cerca de 30% dos nomes;
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Quem revisou várias vezes, depois de ler os nomes, sem intervalos, memorizou, mais ou menos a mesma coisa, 30%;
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Mas quem revisou os nomes, várias vezes, depois de ler, mas deu intervalos entre as revisões conseguiu memorizar cerca de 80% dos nomes.