Ferramentas Mentais

FAZ SENTIDO APRENDER COISAS QUE NÃO VOU USAR NUNCA NA VIDA?

Há algum tempo a fechadura da porta lá de casa travou. 

Mais especificamente a chave não girava mais e, portanto, eu não podia fechar a porta. 

Por sorte, tenho um seguro que dá direito a um chaveiro. Depois de esperar algum tempo o chaveiro chegou, analisou o problema e me perguntou se eu tinha um lápis. 

Ele pegou o lápis e raspou um pouco do grafite até fazer um montinho na mão dele. 

Depois ele colocou um pouco na fechadura, empurrou a chave dentro e como se fosse mágica a chave deslizou e o problema estava resolvido.

O problema era lubrificação, e tudo o que eu precisava para resolver aquele problema, eu tinha em casa. Só faltava o conhecimento específico e estaria tudo resolvido sem precisar perder tanto tempo.

Esse episódio me fez pensar que há certos conhecimentos específicos que podem nos ajudar a resolver problemas rapidamente. Com um pouco de tempo e um pequeno investimento você já tem as ferramentas para resolver esse problema. 

Por outro lado, há situações que exigem um tipo de conhecimento muito mais abrangente, que não está necessariamente ligado a resolver um problema específico, mas que pode ajudar a resolver diversos tipos de problemas, caso eles apareçam.

Assim surgiu o dilema: Eu devo aprender o que preciso, para resolver meus problemas ou devo investir em um conhecimento mais abrangente, para ser capaz de resolver problemas a medida que eles apareçam?

Colocando de outra forma, quando alguém pensa em educação, em melhorar seu currículo, em aumentar sua competitividade há duas formas de agir.

A primeira é uma abordagem de aprender conforme necessário. Se você tem um problema que precisa ser resolvido então você aprende as coisas que vão ajudar você a resolver esse seu problema.

A segunda é uma abordagem de aprender tudo o que puder. Escolha coisas que pareçam interessantes e aprenda o máximo que puder sobre elas. Não se preocupe se você encontrará algum lugar para usá-las mais tarde.

Ao invés de escolher uma abordagem como melhor do que a outra, vamos analisar os pontos positivos de cada uma delas, para que você possa decidir qual melhor se aplica às suas necessidades.

POR QUE VOCÊ DEVERIA APRENDER À MEDIDA QUE PRECISE?

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Uma descoberta comum na psicologia cognitiva é que as habilidades e os conhecimentos transferem muito menos do que esperávamos ingenuamente.

Veja o resultado de alguns estudos:

  • Pessoas adultas que têm dificuldade para calcular a área da sua sala, para comprar azulejos, eram excelentes na sala de aula quando estavam aprendendo a calcular a área de um retângulo (que é a mesma coisa);

  • Alunos que estudaram filosofia no segundo grau, quando chegam na faculdade, não se saem melhor que outros estudantes que nunca estudaram filosofia antes;

  • Apesar de anos no sistema escolar, muitos adultos não são capazes de usar essa experiência acadêmica para resolver problemas simples de lógica ou matemática no seu dia a dia.

Isso sugere que a educação generalista é um mito e não funciona na prática. As coisa que fixamos são específico e estão frequentemente ligadas à situações práticas. Por causa do volume enorme de informação disponível hoje no mundo, é impossível alguém saber tudo, ou mesmo um pouco de tudo, e isso isso favorece uma abordagem que é implacavelmente prática. Aprender coisas só porque talvez um dia elas serão úteis muitas vezes nada mais é do que uma pura perda de tempo.

Uma segunda razão para aprender à medida que precisa, é porque isso ajuda numa melhor aprendizagem. Como o que você vai estudar tem uma aplicação prática, tudo o que você aprende tem um sentido mais próximo da sua realidade e portanto esses conhecimentos são armazenados e lembrados de forma mais consistente. 

Se você precisa aprender como se faz para imprimir frente e verso para economizar papel, isso ajuda você a fixar melhor esse conhecimento do que, se você ler um livro completo sobre os recursos do Word apenas por ler.

E por fim, aprender para resolver problemas específicos não é diferente de educação. É talvez apenas, um tipo de educação direcionada que foge ao tipo de educação que é normalmente praticada no centros de ensino. Se você não tem problemas de aprender coisas novas, você pode passar  a vida inteira aprendendo e resolvendo os problemas do seu dia a dia de forma eficiente.

POR QUE VOCÊ DEVERIA APRENDER A FUNDO PARA DEPOIS SE PREOCUPAR ONDE VAI APLICAR ESSE CONHECIMENTO?

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Como vimos, nem todo o conhecimento que adquirimos na formação básica ou mesmo nas faculdades e pós-graduações, se traduzem em conhecimentos que podemos utilizar na prática. Muita coisa é esquecida no caminho.

Mas o pulo do gato aqui é que quem tem uma visão mais ampla do problema, tem a opção de escolher uma alternativa mais econômica, mais rápida, mais inteligente para resolver um problema, enquanto quem aprender uma determinada forma de resolver um problema, vai tender a resolver esse problema sempre da mesma forma, mesma que existam formas melhores de resolvê-lo.

Por exemplo, digamos que você tem que fazer um trabalho em conjunto com outros colegas, e o produto final é um relatório. Uma forma de resolver o problema é que cada uma pode escrever sua parte, mandar para outra pessoa do grupo por e-mail, que escreve sua parte, e então manda para outra pessoa do grupo, para ela escrever a parte dela, e isso se repete até a última pessoa terminar o trabalho e mandar o relatório. Digamos que a equipe tem 7 pessoas, e que cada uma leva uma hora para terminar sua parte do relatório. Em outras palavras o relatório estará pronto em 7 horas.

Mas digamos, que seu grupo conhece o conceito de computação em nuvem. Neste caso alguém cria o relatório na nuvem e todo mundo pode mexer no documento ao mesmo tempo. Apesar de serem 7 pessoas, como todo mundo pode mexer no documento ao mesmo tempo e não precisa esperar ninguém, o relatório estará pronto em 1 hora.

Por não conhecerem a computação em nuvem, e só terem um conhecimento específico para solucionar o problema as pessoas do primeiro exemplo consumiram um tempo completamente desnecessário.

O argumento mais poderoso para essa abordagem de aprender tudo e depois pensar onde usar, é que, muitas vezes, não é óbvio que o conhecimento pode resolver um problema, até que você o tenha adquirido. 

Diferentemente das ferramentas físicas, as ferramentas mentais são efetivamente invisíveis até que você as tenha aprendido. Sem aprender coisas que parecem desnecessárias no começo, você não pode descobrir como elas são úteis mais a frente.

Ou seja, aprenda tudo o que puder, ao invés de aprender apenas o que precisa, é aconselhável porque geralmente existe uma maneira mais fácil (de curto prazo) de resolver um problema.

Esse tipo de aprendizado representa um investimento maior do que o necessário para aprender algo excessivamente prático, mas gera economia na hora de aplicar as  habilidades aprendidas anteriormente. 

QUAL VOCÊ DEVE APLICAR?

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Obviamente, uma abordagem não exclui a outra. 

Você pode aprender algumas coisas mais a fundo e outras por uma necessidade prática específica. 

Agora que você entende as vantagens de cada uma você tem mais clareza de quando escolher uma e quando escolher a outra.

As pesquisa atuais sobre aprendizagem são desfavoráveis em relação ao tipo de educação que está completamente dissociada de uma aplicação prática do conhecimento.

Há muitas evidência sobre isso.

  • Aulas de matemática ajudam você a entender melhor o mundo dos números, mas não fazem você necessariamente dominar fazer cálculos;

  • As aulas de filosofia, podem ter apresentado o mundo da ética para você, mas elas não vão necessariamente fazer de você uma pessoa justa;

  • E só porque você fez um curso de oratória e entendeu todas as técnicas isso não significa que vai conseguir falar em público sem problemas.

Teoria dissociada de situações reais pode não trazer os resultados esperados.

Por outro lado, quem evita completamente entender os conceitos mais amplos de um determinado assunto, pode ser incapaz de ver formas simples de resolver seus problemas e preferir as formas mais comuns.

O QUE VOCÊ ACHA?

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De todo o tempo que você gasta aprendendo, qual porcentagem você diria que visa um objetivo prático imediato? 

Que porcentagem é gasta aprendendo coisas mais a fundo? 

Você se sente confortável como está dividindo esse tempo? 

E em relação à pergunta que fiz no começo:

Faz Sentido Aprender Coisas Que Não Vou Usar Nunca Na Vida?

Qual seria sua resposta agora?

Não deixe de compartilhar suas experiências nos comentários. Elas podem ajudar outras pessoas da comunidade a superar problema e dificuldades. Dessa forma, todos nós crescemos.

1 comentário em “FAZ SENTIDO APRENDER COISAS QUE NÃO VOU USAR NUNCA NA VIDA?”

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