Sua vida já está garantida!
Sua carreira estabilizada!
Você já chegou onde queria chegar.

Se você é essa pessoa, não precisa continuar lendo, pois aqui quero conversar com quem tem planos para o futuro, ainda quer conquistar muitas coisas, e quer direcionar seus esforços para atingir seus objetivos o quanto antes.

Se esse é seu caso, gostaria de falar um pouco sobre Denis Diderot.

Denis Diderot foi um filósofo, crítico de arte e escritor francês, mais conhecido por ser co-fundador, editor-chefe e colaborador da Encyclopédie, a enciclopédia  famosa por representar o pensamento do Iluminismo.

Apesar de seus trabalhos serem amplos e rigorosos, e ele ser respeitado em seu meio, ele não conseguiu atingir uma segurança financeira ao longo da vida. Na realidade, ele viveu quase toda a sua vida na pobreza. Quanto tinha 52 anos, sua filha estava prestes a se casar, mas ele não tinha condições financeiras de oferecer um dote.

No entanto, quando Catarina, a Grande, Imperatriz da Rússia, ouviu falar dos problemas financeiros de Diderot, ofereceu-se para comprar sua biblioteca por 1000 libras.

Adicionalmente, ela pediu que o filósofo ficasse com os livros em Paris, até que ela precisasse deles, e atuasse como bibliotecário particular dela, recebendo um salário anual, e assim, de uma hora para outra, Diderot tinha dinheiro sobrando.

Algum tempo depois dessa bem-vinda onda de sorte, Diderot passou a ser o feliz proprietário de um novo roupão escarlate.

E foi neste momento que tudo começou a dar errado.

O que exatamente é o Efeito Diderot?

O roupão escarlate de Diderot era lindo. Era tão bonito, que ele imediatamente percebeu como suas outras posses estavam fora de contexto.

Em suas palavras:

Não havia mais coordenação, unidade, ou beleza entre meu manto e o resto de meus pertences.

O filósofo logo sentiu o desejo de comprar algumas coisas novas para combinar com a beleza de seu roupão. Ele substituiu sua velha cadeira de palha, por uma poltrona coberta de couro marroquino, sua antiga escrivaninha foi substituída por uma nova e cara mesa de escrita, sua coleção de quadros, que ele amava, foi substituída por uma coleção completamente nova e muito mais cara.

Nas palavras de Diderot:

“Eu era o senhor do meu roupão antigo, mas me tornei escravo do meu roupão novo”

Essas compulsão desenfreada por comprar, ficou conhecida como o Efeito Diderot, a ideia de que ao consumirmos algo novo, isso geralmente nos leva a consumir mais ainda.

Mas essa compulsão vai além, e começamos a nos identificar tanto com nossos novos bens, que passamos a buscar coisas novas que combinem com eles.

Chega a um ponto que não tem mais nada a ver com a necessidade, e se transforma em um oportunidade para a autoexpressão.

O Efeito Diderot afirma que a obtenção de uma nova posse, muitas vezes cria uma espiral de consumo, que leva você a adquirir mais coisas novas. Como resultado, acabamos comprando coisas que nossos eus anteriores nunca precisaram para se sentirem felizes ou satisfeitos.

Por que queremos coisas que não precisamos?

O Efeito Diderot está à nossa volta o tempo todo, basta prestar atenção a nós mesmos ou aos outros.

Recentemente visitei um amigo, que logo me convidou para ver os novos equipamentos que ele havia comprado para o seu escritório.

Tudo começou com um novo laptop, muito pequeno, fino e portátil que ele adquiriu.

Apesar de pequeno e rápido, ele tem pouco espaço interno. Por conta disso, ele adquiriu um HD externo para compensar essa falta de espaço.

Além disso, esse novo computador, trabalha muito bem com impressoras sem fio, e para aproveitar isso, ele trocou a impressora antiga por uma com esse recurso.

Como esse computador é pequeno, ele também teve que trocar a bolsa antiga, onde ele levava o computador antigo, por uma menor e muito mais elegante.

E apesar de rápido e portável, a bateria do computador não dura tanto quanto a bateria do antigo, e como nem sempre ele vai ter uma tomada por perto, ele também comprou uma bateria externa para compensar esse fato.

Por fim, para que esse computador novo possa se conectar com equipamentos de apresentação, ele também teve que comprar um adaptador para esse fim.

No final ele gastou com equipamentos e acessórios, quase a mesma quantia que ele gastou comprando o computador.

Aproveitei para perguntar o que ele era capaz de fazer agora, com todas essa tecnologia à disposição.

A resposta dele…

“A mesma coisa que eu fazia antes com o laptop antigo”.

Nós podemos identificar comportamentos semelhantes em muitas outras áreas de nossas vidas:

1 Você compra um sapato novo e agora tem que comprar um cinto para combinar;

2 Você compra um boneco pequenininho do G.I. Jo e daqui a pouco está comprando um verdadeiro exército de acessórios;

3 Você compra uma geladeira nova e logo está considerando trocar o fogão para combinar;

Essa ladeira geralmente só tem um sentido: Para cima. Sempre queremos mais.

O Efeito Diderot na Era Digital

É claro que na sua vida existe não apenas uma coisa de valor. Provavelmente existem várias.

Mas defendo a ideia de que o tempo, independente de quem você é, está entre seus bens mais valiosos.

Pois é fazendo bom uso do seu tempo, que você conquista muitas das outras coisas que tem valor para você.

1 Dedicando tempo aos estudos, você se forma e exerce a profissão dos seus sonhos;

2 Dedicando tempo à academia, você atinge o corpo que sempre desejou;

3 Dedicando tempo aos seus relacionamentos, você se torna uma pessoa realizada.

Apesar do Efeito Diderot estar muito associado aos gastos financeiros decorrentes das compras compulsivas que fazemos, ele também é verdade para uma série de facilidades que podemos consumir sem gastar nada.

São as diversas tecnologias que estão disponíveis para nós.

Você já parou para pensar que o Efeito Diderot acontece também no seu celular? Quantos aplicativos você tem no seu equipamento, que na realidade não precisa?

Aplicativo do governo para consultar o saldo do FGTS.
Aplicativo da loja de roupas que você gosta para conseguir descontos e ofertas em tempo real.
Aplicativo de comunicação instantânea para falar com seus grupos de relacionamento.
Aplicativo de redes sociais.
Aplicativos de mensagens.
Aplicativo para controlar o regime.
Aplicativo para controlar o condicionamento físico.

A lista podia continuar para sempre. Mas você entendeu a ideia.

O problema é que cada uma dessas aquisições consome seu tempo diretamente (toda vez que você consulta alguma coisa ou recebe um alerta) e seu dinheiro indiretamente (quando você acaba seguindo alguma sugestão ou indicação e faz uma compra).

E cada aplicativo que você passa a usar, vai eventualmente sugerir outros aplicativos para tornar sua experiência ainda melhor.  É tanta coisa acontecendo no seu celular que você precisa constantemente ver qual a novidade mais recente apenas para ficar sabendo das novidades.

No Brasil as pessoas passam em média 4 horas, por dia, acessando informações não diretamente relacionadas à trabalho ou crescimento pessoal.

O Minimalismo digital

Agora imagine que você pudesse se desfazer de todas essas distrações, e se concentrar naquilo que é realmente importante para você.

Preparar melhores relatórios no trabalho.
Produzir seminários de qualidade na faculdade.
Se exercitar mais.
Ler mais livros.

Afinal de contas, você tem uma carreira para construir e um futuro para garantir.

Se desligar de distrações é difícil quando nossa vida não tem uma intenção.

Mas se sua vida tem uma intenção, então se desligar das ferramentas que comprometem sua atenção pode trazer resultados que superam em muito a inconveniência de estar por fora do que está acontecendo.

Eu gostaria de lhe convidar a considerar que nem tudo que faz parte da sua vida digital é realmente necessário.

Isso talvez até seja fácil de aceitar.

O problema realmente é saber como separar o joio do trigo!!!

Uma forma radical, mas eficiente, de descobrir aquilo que faz uma diferença positiva em sua vida é simplesmente desinstalar todos os aplicativos do seu celular,  e só reinstalar à medida que eles se fizerem necessários.

Mas há uma condição!

Só reinstale um aplicativo se a respostas para as três perguntas abaixo for afirmativa.

1 Esse aplicativo vai me ajudar a atingir meus objetivos?

2 Esse aplicativo vai me ajudar a ter mais foco?

3 Esse aplicativo vai me ajudar a usar meu tempo de forma mais produtiva?

Se você seguir essa filosofia você estará praticando o Minimalismo Digital.

Existe muito a ganhar, quando você assume o controle da sua vida digital, e não deixa que ela controle você. Gerencie sua atenção, controlando a forma como os dispositivos digitais interagem com você.

Não deixe o facebook dizer quando você tem que comentar uma notícia.

Não deixe o Instagram te obrigar a compartilhar cada minuto do seu dia.

Não deixe o Whatsapp ditar a quais grupos de pessoas você precisa pertencer.

Mas vale realmente a pena ficar de fora de tudo que está acontecendo?

Isso depende dos seus objetivos de vida.

Se você tem tempo sobrando para correr atrás de suas aspirações pessoais, e continuar recebendo essa sobrecarga de informações, não há problema algum.

Mas, se em algum momento você sentiu que não há horas suficientes em um dia,  e se questionou se vai conseguir concretizar tudo o que deseja por falta de tempo, então  vale a pena parar para pensar nisso agora.

Além disso, quem disse que praticar o Minimalismo Digital vai lhe deixar fora de tudo?

A sugestão aqui, não é cancelar suas contas em todas as suas redes sociais. Se essas coisas forem importantes para você, você poderá sempre consultá-las.

A ideia é, no entanto, que, se elas não contribuírem diretamente para seus planos de vida, não as deixe instaladas em seu celular, para que elas fiquem constantemente tirando seu foco. Deixe-as instaladas em seu computador, e defina os dias e horários em que vai consultá-las.

Que tal ao invés de receber notificações a cada um minuto, você tirar todo dia 30 minutos para ver o que aconteceu no mundo das redes sociais?

Lembre-se, na maioria das vezes, essas interrupções acontecem para garantir os interesses dos outros e não os seus:

Quando alguém lhe manda uma mensagem urgente pedindo alguma informação isso é interesse daquela pessoa.


Quando uma promoção, de última hora, do tênis que você gosta aparece no seu celular, o interesse é da empresa que quer lhe vender o tênis.

Quando uma marca qualquer lhe convida para participar de um sorteio, para ganhar um carro, por incrível que pareça, o interesse é dela, para que você se cadastre e passe a receber as mensagens de marketing que ela tem preparadas para você.

Se você transformar seu celular num instrumento de Concentração & Foco, e não numa máquina de Distrações & Interrupções, isso pode trazer muitas realizações para sua vida.

E isso sem você perder nada que a internet e as redes sociais tem a oferecer.

O melhor dos dois mundos!

Controlando o efeito Diderot

O Efeito Diderot nos diz que, na sua vida sempre vai haver muitas coisas lutando para entrar, então você precisa entender como curar, eliminar e focar nas coisas que realmente importam.

Mesmo que você pratique o Minimalismo Digital, e só deixe entrar em sua vida as soluções que realmente sejam importantes para você, ainda assim elas podem trazer perturbações desnecessárias para seu dia a dia. Algumas estratégias simples, mas úteis, para manter o foco durante o dia são:

1 Desligar a conexão de dados ou o acesso à redes wi-fi, e só ligar quando realmente precisar.

2 Desligar as notificações com som.

3 Desligar o telefone à noite.

4 Manter o telefone na bolsa ou bolso quando está com outra pessoa.

5 Desligar as notificações de tela.

Essas pequenas ações podem ajudar você, em muito, a consumir um pouco menos dos estímulos do mundo digital.

O caminho das pedras para o Minimalismo Digital consiste em:

1 Planeje Como e Quando a tecnologia vai invadir seu dia a dia. Controle sua vida digital, não se deixe controlar por ela;

2 Intenções são mais importantes do que conveniências. Se você sabe onde quer chegar, precisa se preparar para fazer alguns sacrifícios ao longo do caminho, e se desconectar de algumas coisas é um desses sacrifícios;

3 O Minimalismo Digital é a arte de gerenciar sua atenção, pois quando você propositalmente escolhe o que tem direito de interromper sua vida, e o que não tem esse direito, você canaliza seu foco para o que é mais importante para você;

4 Não se preocupe com o que pode estar perdendo, pense no que vai estar ganhando;

Como superar a tendência de consumo

Nossa tendência natural é querer mais, não menos. Dada essa tendência, tomar medidas ativas para reduzir a quantidade de informação, serviços e produtos que consumimos, tornará nossas vidas melhores.

Meu objetivo não é reduzir a vida ao menor número de coisas possíveis, mas tirar o melhor proveito de todas as coisas que deixo entrar em minha vida. Espero que essas ideias ajudem você a fazer o mesmo.

Nas palavras de Diderot, “Deixe meu exemplo te ensinar uma lição. A pobreza tem suas liberdades; a opulência tem seus obstáculos ”.

Pratique o Minimalismo Digital (por 30 dias)

Tenho clareza de que a proposta do Minimalismo Digital parece fora da realidade para muitas pessoas.

Como assim, só olhar o instagram de noite no computador de casa?

Como assim, não participar de grupos de Whatsapp?

Como assim não aproveitar minha hora de almoço para saber o que há de novo no mundo?

Isso não é realista para mim.

E pode ser que seja fora da realidade, para algumas pessoas. Mas não é para todas as pessoas. Muitas estão apenas acostumadas a consumir, e por conta disso não conseguem nunca o isolamento necessário para planejar seu futuro.

Entretanto, para algumas pessoas, esse isolamento pode ser a diferença entre uma vida de realizações ou uma vida de frustrações.

Será que não vale a pena tentar descobrir que tipo de pessoa você é?

Tudo que pode acontecer é você tentar e descobrir que não funciona com você.

E se você se arrepender, que seja por algo que tentou.Se fracassar que seja porque não teve medo de arriscar. Roinuj Sier

Pratique o Minimalismo Digital por 30 dias e veja no que dá.  Afinal de contas o que você tem a perder?

Compartilhe essas experiências aqui nos comentários. Essa troca de ideias é uma fonte importante de conhecimentos para lidar com nossas dificuldades.