Com tanta informação nos atingindo o tempo todo, e com a possibilidade de nos conectarmos com praticamente todas as nossas responsabilidades de onde quer que estejamos, a linha entre o que é prioridade e o que pode ser deixado para depois fica cada vez mais difícil de ser traçada.
Você tem as prioridades do trabalho, as prioridades da família, as prioridades dos estudos.
E isso acarreta uma série de escolhas a serem feitas numa base diária.
Há algumas centenas de anos essas escolhas eram muito mais simples de serem feitas. Na realidade, não havia dilema nenhum. Em seu livro Essencialismo, Greg McKeown explica a história da palavra prioridade e como seu significado mudou com o tempo.
[Transparência: sou afiliado do programa da Amazon.]
A palavra prioridade veio para o idioma inglês nos anos 1400. Foi singular. Significava a coisa mais importante ou a primeira coisa. Ela era usada no singular. Não existia a palavra prioridades, com S. E assim ela continuou pelos próximos quinhentos anos.
Somente nos anos 1900 é que começamos a falar sobre prioridades. Ilogicamente, nós raciocinamos que mudando a palavra nós poderíamos dobrar a realidade. De alguma forma, agora poderíamos ter várias “primeiras” coisas.
Pessoas e empresas rotineiramente tentam fazer exatamente isso. Um gestor me contou sobre essa experiência em uma empresa que falava sobre “Pri-1, Pri-2, Pri-3, Pri-4 e Pri-5”. Isso dava a impressão de que muitas coisas eram a prioridade, mas na verdade significava que não havia prioridade nenhuma.
Greg McKeown, Essencialismo
MULTITAREFA NÃO EXISTE
Primeiro é importante entender do que estamos falando quando usamos a palavra multitarefa. Multitarefa não é fazer duas coisas ao mesmo tempo. Há provas suficientes de que somos capazes de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Lavar os pratos enquanto assistimos televisão.
Almoçar enquanto respondemos mensagens.
Dirigir enquanto ouvimos um programa de rádio.
Não há o que discutir. Podemos fazer tudo isso e muito mais. Mas isso é prova apenas de que somos capazes de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
O problema é que somos incapazes de nos concentrar em duas ou mais tarefas ao mesmo. E é aqui que está o problema, pois é nesse sentido que a palavra multitarefa é frequentemente usada.
Quando você tenta se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo, você força o seu cérebro a mudar rapidamente de uma tarefa para outra.
É exatamente isso que acontece com um computador que está executando mais de um programa ao mesmo tempo. Ele está constantemente mudando de um programa para o outro, mas tão rápido que dá a impressão que está tudo funcionando ao mesmo tempo.
Mas fazer isso tem um preço. Você pode testar na prática, se já não percebeu por conta própria. Abra um programa no seu computador. Agora abra outro. Abra ainda mais um.
E continue abrindo um programa atrás do outro. Em algum momento seu computador vai começar a ficar mais lento. Isso vai depender da qualidade do seu computador. Em alguns modelos isso vai acontecer logo, em outros, talvez demore um pouco mais. Mas, cedo ou tarde vai acontecer. Com tanta coisa para dar conta, o computador vai ficar lento, e a partir daí qualquer programa que você tentar usar vai estar lento também. A lentidão vai afetar todos os programas.
Apesar de seu cérebro ser uma máquina impressionante, ele vai pagar o mesmo preço se for sobrecarregado. A multitarefa força você a pagar um preço mental toda vez que você interrompe uma tarefa e pula para outra. Esse fenômeno é conhecido como o Custo da Mudança.
O Custo da Mudança é traduzido como aquela baixa no desempenho, que sentimos quando mudamos nossa atenção de uma tarefa para outra.
O problema é que pagamos esse preço quando mudamos nossa atenção de uma tarefa para outra, quer a tarefa seja algo importante ou não. O simples fato de parar o que está fazendo e checar seu celular é uma mudança de atenção.
Se você considerar que em média um usuário normal de celular não passa mais que 12 minutos sem consultar o celular, e que isso significa em torno de 80 interrupções ao longo do dia, portanto, somente os smartphones podem destruir sua capacidade de concentração.
Por isso, da próxima vez que ouvir alguém dizer que é multitarefa, como se isso fosse uma coisa boa, se lembre que isso pode apenas significar que essa pessoa está ocupada o tempo todo. Que tal Tentar a sugestão de Paolo Cardini abaixo?
O QUE É IMPORTANTE PARA VOCÊ NÃO É NEGOCIÁVEL
Fazer muitas coisas ao mesmo tempo não leva necessariamente você a concluir muitas coisas. Já aconteceu de no final de um dia, quando você olha para tudo o que conseguiu fazer, não sentir uma sensação de realização, por ter deixado algumas coisas importantes de fora?
Fazer uma única coisa, da melhor forma possível, é o que gera bons resultados.
Embora todos nós tenhamos uma série de tarefas a serem feitas todos os dias, não é incomum, que ao final do dia uma série delas não sejam concluídas.
Sentimos a frustração de darmos atenção à urgências e deixarmos de lado o que é realmente importante para nós.
Uma dica para resolver isso é resgatar o sentido original de Prioridade.
Aquela única coisa que precisa ser feita independentemente do que aconteça.
Que tal programar sua semana para que você tenha uma única prioridade todo dia?
Mas tem que ser apenas uma.
De forma que, aconteça o que acontecer, você tem um compromisso pessoal de concluir essa atividade. Essa tarefa prioritária deveria ser a única coisa não negociável de sua agenda.
Se isso parece bobagem para você, tente lembrar quantas coisas importantes para sua vida ou carreira, você deixou de fazer por conta de imprevistos e urgências que apareceram na sua frente (muitas vezes importantes para outras pessoas).
É importante para mim estudar inglês todas as terças e quintas, mas de vez em quando preciso cancelar o estudo para ajudar minha mãe a fazer a feira. Se fosse prioridade você mudaria o dia da feira e não o dia de estudar.
Para mim é importante manter contato com meus amigos de faculdade para estabelecer uma rede de relacionamentos que me ajude mais a frente na carreira, por isso nos encontramos uma vez por mês para confraternizar, exceto nos dias que minha namorada quer sair para jantarmos juntos, nesses dias não participo. Se fosse prioridade você conversaria com sua namorada para explicar a importância desse momento para sua carreira e não cederia tão fácilmente.
Ao definir a sua prioridade, isso naturalmente guia seu comportamento, forçando você a organizar sua vida em torno dessa responsabilidade.
Essa prioridade se torna seu Farol, aquela referência que guia seus dias no sentido de seus planos pessoais.
Se tudo der errado, não tem conversa, você sabe o que fazer, pois você já decidiu previamente o que é prioridade em sua vida.
DIZENDO NÃO PARA ESTAR OCUPADO
Você já deve ter ouvido alguém falar que quando se aposentar não quer fazer nada.
Quer passar os dias sem ter o que fazer.
Essa é a imagem que muitas pessoas têm da aposentadoria. Já que a partir de agora você não tem nada importante para fazer, pode aproveitar a vida.
Seu tempo está desocupado.
Portanto, o raciocínio contrário é o de que, quanto mais ocupado for seu tempo, mais coisas você está fazendo e portanto, você está sendo uma pessoa produtiva.
Essa é uma armadilha perigosa, pois nos leva a confundir que estar em movimento significa estar progredindo. No entanto, quando passo na frente do parque de diversões da minha cidade a roda gigante está sempre em movimento, mas dia após dia ela continua lá, não sai nunca do lugar.
Confundimos estar em momento com estar gerando valor.
Se você analisar o dia a dia de pessoas que são referência em suas áreas, vai observar uma características interessante. Essas pessoas tem tempo para crescer em suas carreiras e suas vidas, pois não preenchem cada minuto do dia com alguma coisa. Elas deixam o máximo de folgas para poder investir em si mesmas.
Ela tem uma enorme facilidade de dizer NÃO para aquilo que não está alinhado com seus planos pessoais.
E todo esse tempo que elas ganham, elas direcionam para aquilo que é prioridade em suas vidas.
Se você não se comprometer com alguma coisa, qualquer coisa vai lhe distrair.
ASSIM SENDO…
#1 | Se lembre que multitarefa não existe.
#2 | Que você deve começar seu dia consciente de qual é a sua prioridade naquele dia.
#3 | E que você pode usar NÃO a vontade, pois isso vai abrir espaço para que aquilo que é importante seja feito.
Mas talvez você tenha uma leitura diferente dessa questão, ou talvez tenha outras dicas sobre o assunto.
Qualquer que seja sua opinão, compartilhar a mesma expande a discussão e enriquece a experiência de todos nós.
Portanto, não deixe de contribuir.
Muito bom! Me ajudou demais. O melhor é que podemos aplicar para todos os âmbitos na vida
Que bom saber disso Mirian. E é verdade que você diz, esse princípio é aplicável em várias áreas de nossas vidas. É só uma questão de abrirmos espaço para essas mudanças.
Olá Mestre, como vai?
Estava lendo alguns textos aqui em seu site e este me marcou bastante. INCRÍVEL!
Foi exatamente a informação que eu precisava para tomar decisões pendentes…
Gostaria de mais uma vez lhe agradecer por se dispor a nos ajudar tanto.
Grande Abraço! Até a próxima reunião.
Oi Ódon,
Fico muito feliz que as ideias desse post tenham lhe ajudado a tomar ações concretas para mudar sua realidade. Esse é em essência o objetivo principal do Ferramentas Mentais, trazer para a mesa instrumentos e estratégias que nos ajudem a tomar decisões mais inteligentes para nossas vidas e nossas carreiras.
Um abraço.