Não importa o que você precisa que seja feito, haverá sempre duas estratégias de abordar a solução de qualquer problema ou na execução de qualquer tarefa.

Numa você espera pela motivação e na outra você investe em sua disciplina.

O problema é que uma delas é extremamente ineficiente, porém mais cômoda e agradável, enquanto a outra é enormemente eficiente, porém cansativa e por vezes desanimadora.

Adotar uma ou outra estratégia, significa adotar uma mudança de perspectiva na forma como resolvemos problemas, que pode levar a resultados muito diferenciados.

Onde mora a diferença?

Na realidade o problema está na crença de que precisamos esperar o estado de espírito correto, para sermos capazes de realizar bem uma determinada tarefa. É nesse princípio que está montada a ideias da motivação.

E infelizmente, para quem espera motivação, para realizar suas tarefas, esse princípio está totalmente errado.

O oposto da motivação é a disciplina, pois a disciplina não depende de fatores como humor ou sentimentos para que uma atividade seja realizada. 

A motivação depende da emoção, a disciplina não.

E isso faz um mundo de diferença.

Quem procrastina para começar uma determinada atividade está muitas vezes esperando a vontade de realizar a tarefa, pois imagina que é a emoção que vai desencadear a ação.

Se fosse assim, um ciclista precisaria esperar estar com vontade para correr 40 quilômetros. Mas não é assim que você chega a correr 40 quilômetros, você começa treinando para só depois chegar lá.

Se você associar a ação aos sentimentos, você se torna rapidamente vítima da procrastinação. E mesmo quando você faz o que tinha que fazer, muitas vezes é a emoção falando. O medo de tirar zero na avaliação do dia seguinte faz você sentir a motivação necessária de virar a noite estudando.

Quando você entra na mentalidade da emoção como gatilho para executar suas tarefas, você está a caminho do desastre.

Quando olhamos crianças percebemos claramente como a motivação influencia nossas ações.

“Mas mamãe eu não quero fazer isso.”

“Não estou com vontade de comer agora.”

“Meu espírito não está para estudar neste momento.”

Todas essas frases mostram o sentimento que está no ar. Quando crescemos gostamos de pensar que decidimos mais com a razão do que com a emoção. Mas preste atenção e você vai ver adultos usando os mesmos tipos de argumentos para deixar para depois alguma coisa importante que tem que ser feita.

Qual o desafio então?

O desafio para tornar a disciplina seu principal critério de tomada de decisão é enfraquecer o poder da motivação na sua vida. 

O objetivo é cortar a ligação entre sentimentos e ações. A emoção que você quer sentir, é a emoção de ter terminado a tarefa, depois de ter terminado a tarefa.

A motivação necessária para começar começar a tarefa é o sentimento errado.

Existe um problema maior ainda!

Mesmo que você defenda que é melhor fazer algo quando está com mais vontade, o que fazer com aquelas coisas que ninguém tem vontade nunca de fazer.

Não vivemos de fazer só o que gostamos. Se tivéssemos todo o tempo do mundo até poderíamos esperar chegar a hora de dar vontade de fazer as coisas.

Mas e aquelas coisas que não gostamos de fazer?

Para você talvez seja arrumar a cama, ou jogar o lixo fora, ou estudar matemática, ou ler o livro de filosofia, ou cuidar de seus irmãos, ou uma série de coisas que não vamos nunca ter vontade de fazer.

O que fazer nos casos onde motivação não é uma solução?

Ficar esperando entusiasmo para atividades chatas é uma forma de tortura psicológica.

Um último problema da motivação

Motivação é como um carro que tem muita potência mas que consome energia demais e muito rápido. E por isso precisa ser constantemente reabastecido.

Ou seja, a motivação é na melhor das hipóteses o combustível necessário e suficiente para você ter energia para dar conta de uma determinada atividade.

E talvez em alguns momentos talvez seja tudo o que você precisa para o que falta para terminar algo importante. 

Maratonistas contam que nos quilômetros finais de uma maratona, chega um momento de tamanho cansaço que a sensação é de que estão na frente de uma muralha intransponível.

Nesses momentos eles buscam a motivação de onde não há mais energia e dão tudo nos momentos finais.

Como aconteceu com essa moça no vídeo abaixo:

Mas contar com a motivação como a base do funcionamento do seu dia a dia é uma péssima estratégia se você deseja contar com resultados consistentes ao longo do tempo.

Disciplina, pelo contrário, é como um motor movido a energia nuclear, que quando iniciado não precisa ser realimentado.

A melhor escolha

A produtividade não devia ter a ver com seu estado de espírito.

Se você quer resultados consistentes e que durem por mais tempo, a disciplina supera a motivação em qulquer dia da semana.

Quando você depende da motivação, você está gastando sua energia tentando ter vontade de fazer algo.

Quando você investe na disciplina, você está capacitando sua mente para fazer o que precisa ser feito, esteja ou não com vontade de fazer.

Disciplina é um sistema, motivação é um estado de espírito. Sistemas são bem mais confiáveis do que nossos estados de espírito.

Disciplina é constante, motivação é irregular.

E como você traz disciplina para sua vida?

Como pequenos hábitos. Hábitos são os tijolos da disciplina. Busque incorporar hábitos produtivos à sua rotina diária e quase que sem perceber você está construindo os alicerces de uma vida mais disciplinadas.