A ciência cognitiva pode ajudar você a tirar notas melhores em suas próximas avaliações.

Você já ouviu falar da Ciência Cognitiva?

Ela se dedica a estudar a Cognição, que se trata do processo de aquisição de conhecimento e entendimento através do pensamento, experiência e sentidos.

O objetivo da ciência cognitiva é entender os princípios da inteligência com a esperança de que isso leve a uma melhor compreensão da mente e do aprendizado. 

Muitos estudos têm sido feito nessa área e algumas descobertas podem nos ajudar a melhorar a forma como estudamos e a qualidade do que aprendemos.

É disso que quero falar com você.

5 estratégias, tiradas da ciência cognitiva, que você pode colocar em prática na próxima vez que tiver que estudar para uma avaliação.

Vamos lá?

ESTRATÉGIA #1 – Espaçamento

QUANTO ESTUDAR E QUANTO REVISAR?

Parte 1 – Quanto estudar

A primeira pergunta a responder é quanto estudar

É claro que a resposta para essa pergunta é que você se sairá melhor quanto mais estudar.

Se passar semanas se preparando é claro que terá um desempenho muito melhor do que se passar apenas algumas horas estudando. 

Quanto a isso não há dúvidas.

Já a forma como você deve dividir seu tempo para estudar não é tão clara.

Principalmente, quando você não tem todo o tempo do mundo para estudar.

Há muita informação acerca da melhor forma como você deve distribuir o tempo que tem para estudar, mas um ponto em comum nessa literatura é que o tempo de estudo é muito mais eficiente se estiver espalhado por várias sessões, ao invés de pegar direto e estudar por muito tempo sem parar.

Assim, se você tem 12 semanas para fazer uma avaliação, que tal tentar estudar 2 vezes por semana até o dia da prova. Neste caso você teria 24 sessões de estudo  até o grande dia.

Desta forma você pode dividir o assunto em 12 partes e se dedicar a cada uma delas separadamente.

Portanto, entre hoje e o dia da avaliação, é importante que você procure ter VÁRIOS momentos de estudo.

Parte 2 – Quanto repetir

Agora você precisa pensar quantas vezes você precisa entrar em contato com cada uma dessas partes para realmente fixar esse conteúdo.

Imagine se você apenas dividisse o conteúdo em 12 partes, e só estudasse a primeira uma vez. No dia da avaliação você teria visto esse assunto há 3 meses. Provavelmente não lembraria de muita coisa.

Para manter cada assunto claro em sua memória, você deve revisar cada um desses assuntos ao longo dessas 12 semanas ao menos 5 vezes.

Ou seja, entrar em contato com um determinado assunto, mais de uma vez ao longo de um período de tempo vai fazer você lembrar mais sobre esse assunto do que simplesmente sentar e estudar durante várias horas lendo e relendo.

Essa abordagem é ideal para reter informações com o mínimo de esforço.

Você só precisa de disciplina para manter o cronograma de estudos em dia. Mas se conseguir seu aproveitamento será ótimo.

Mas isso nos leva para a segunda estratégia.

ESTRATÉGIA #2 – PRÁTICA DE RECUPERAÇÃO

O QUE ESTUDAR E COMO FAZÊ-LO

Como vimos, depois de definir sua programação, é hora estudar e mais importante, revisar o conteúdo estudado, ao menos 5 vezes. 

Mas na hora de revisar alguma coisa há formas diferentes de como fazer isso, mas há muita diferença entre o que funciona na realidade e o que a maioria das pessoas faz na prática.

As alternativas mais comuns são:

1. Revisar o assunto uma única vez;

2. Revisar o assunto várias vezes;

3. Relembrar o assunto que estudou sem consultar o material;

4. Desenhar um mapa conceitual.

Na sua opinião qual você acha que é a melhor técnica para revisar um assunto para uma avaliação?

No estudo realizado por Jeffrey D. Karpicke e  Janell R. Blunt em 2011, era justamente isso que eles queriam descobrir.

Eles convidaram um grupo de pessoas para estudar um determinado assunto. Depois de terem estudado o assunto eles dividiram essas pessoas em 4 grupos que deveriam revisar o assunto de formas diferentes.

1. Um grupo deveria revisar o assunto apenas uma vez antes da prova;

2. Um grupo deveria revisar o assunto várias vezes antes da prova;

3. Um grupo deveria revisar o assunto apenas tentando lembrar o que estudou anteriormente, sem consultar nenhum material;

4. Um grupo deveria desenhar um mapa conceitual do assunto estudado.

Antes de fazerem as provas os pesquisadores perguntaram qual dos métodos as pessoas achavam que iria funcionar melhor.

A maioria achou que quem revisou muitas  vezes o assunto e quem fez o mapa conceitual se daria melhor.

O que realmente aconteceu? 

Quem usou a técnica de tentar lembrar o que estudou sem consultar nenhum material foi quem tirou as melhores notas.

Esse conceito é conhecido como: PRÁTICA DE RECUPERAÇÃO (dentre outros nomes).

A Prática de Recuperação sugere que você deve se testar e tentar recuperar as informações importantes da memória, e que fazer isso funciona melhor do que reler notas ou criar diagramas em relação a alguma material que você estudou.

Dessa forma, depois de aprender o material pela primeira vez, a maioria dos estudos subsequentes deve estar na forma de prática de recuperação, onde você deve tentar  reproduzir as informações, resolver um problema ou explicar uma idéia – sem olhar a fonte.

ESTRATÉGIA #3 – PROCESSAMENTO E TRANSFERÊNCIA

COMO PRATICAR O QUE ESTUDOU

Na hora de revisar um conteúdo, ou como definimos anteriormente, Praticar a Recuperação  do que você estudou, há uma variedade de tipos de materiais de estudo que você pode utilizar, assim como há uma hierarquia de preferência que você deveria adotar para tirar o máximo proveito desses materiais. 

Dentre as técnicas possíveis há 3 que se prestam muito bem para a preparação para avaliações.

E essas técnicas serão ainda mais úteis se você adotar a seguinte hierarquia de prioridade:

1) Simulados de testes ou avaliações: Esses são a sua melhor opção para revisar conteúdos estudados, use ela sempre que possível. Simulados ou testes  são os mais valiosos e você deve buscar aqueles que são muito semelhantes ou se possível idênticos em estilo e forma ao teste que você realmente fará;

2) Resolução de problemas: Em segundo lugar, na impossibilidade de encontrar simulados ou testes, vem a resolução de problemas como tarefas de casa ou exercícios propostos no livro texto, na sala de aula  ou no curso preparatório para a avaliação;

3) Auto-Avaliação: E em terceiro lugar, se as alternativas anteriores falharem, você pode construir perguntas sobre o assunto tiradas de sua cabeça ou então redigir resumos do que estudou sem consultar o material.

Essa estratégia de revisão é conhecida como Processamento e Transferência, uma vez que quanto mais sua prática se assemelhar à avaliação, mais seus esforços serão transferidos para resultados reais.

Lembre, se você não tiver acesso a simulações ou exercícios sobre a avaliação que pretende fazer, uma excelente alternativa é fazer um resumo de memória. Escolha um conceito, tema ou grande ideia que estudou e tente explicá-lo de maneira sucinta e precisa, sem abrir o livro, por escrito. Em seguida, leia novamente o conteúdo e compare com o que você escreveu, para ver se você acertou.

ESTRATÉGIA #4 – A ILUSÃO DA PROFUNDIDADE EXPLICATIVA

CERTIFIQUE-SE DE QUE REALMENTE ENTENDE

Apesar da memorização ter seu papel quando você está estudando algum assunto, uma grande parte do conhecimento é conceitual.

Ou seja, isso significa que passar ou falhar numa avaliação, frequentemente, depende de você ter entendido os conceitos mais importantes do assunto estudado.

Assim, sua prioridade deveria ser a de entender profundamente os conceitos fundamentais do assunto.

O Processamento e Transferência  já ajuda muito com isso.

No entanto, é fácil nos enganarmos a pensar que o conhecimento superficial que temos sobre alguma coisa é na realidade profundo.

Conhecimento e entendimento são coisas diferentes, mas você pode confundi-los.

É a isso que os psicólogos chamam de: A ilusão de profundidade explicativa. 

A ideia por trás desse conceito é a seguinte: É fácil verificar automaticamente o conhecimento factual (você o conhece ou não). 

Pergunta: Qual a fórmula da força de newton? 

Resposta: F = m * a

Mas saber a resposta disso não significa que entendemos a física mecânica.

Mas esse conhecimento superficial do conhecimento pode nos convencer a pensar que já sabemos o suficiente.

Para evitar que você se convença que sabe em profundidade uma coisa que você só entende superficialmente, faça o seguinte, quando estudar o material pela primeira vez, se certifique de que identificou os principais conceitos.

Depois, tente explicá-los sem a necessidade de consultar o material, mesmo que para isso você tenha que consultar o material várias vezes até conseguir explicar o assunto sem consulta nenhuma.

Quando for capaz de fazer, isso você terá realmente entendido o assunto.

Agora, toda vez que for revisar o assunto, antes de fazer o simulado ou teste, explique novamente o assunto sem consultar nenhum material. Depois de explicar consulte o material para ver o que acertou e o que errou.

Como falamos você deve revisar qualquer conteúdo estudado ao menos 5 vezes antes da avaliação. Se você adquirir o hábito de explicar o assunto para sí antes de fazer a simulação ou teste, você estará consolidado seu entendimento do mesmo, garantindo assim melhores resultados em avaliações.

ESTRATÉGIA #5 – INVISTA NO EQUILÍBRIO EMOCIONAL

FAÇA UMA SIMULAÇÃO COMPLETA DA AVALIAÇÃO

Se você usar essas estratégias para estudar, para qualquer tipo de avaliação, há grandes chances de você ter um excelente resultado.

Mas o tempo que você vai investir vai trazer também um grande senso de responsabilidade.

E isso pode causar ansiedade, que por sua vez pode comprometer seu equilíbrio emocional, e consequentemente seus resultados.

Você não pode deixar isso comprometer toda sua dedicação.

Uma forma de trabalhar essa sensação é abrir espaço no seu cronograma de estudos para fazer um SIMULADÃO.

Ou seja, antes da avaliação propriamente dita, faça um simulado completo da avaliação. Consiga uma avaliação antiga ou prepare uma avaliação que contemple todo o assunto. Se prepare para se isolar na hora do SIMULADÃO. Use o mesmo intervalo de tempo que terá no dia da avaliação para seu SIMULADÃO.

O SIMULADÃO tem duas vantagens importantes:

1) Vai diminuir seu estresse no dia da avaliação propriamente dita;

2) Vai lhe dar uma ideia da nota que vai conseguir, o que vai diminuir seu estresse no dia da avaliação propriamente dita.

APROVEITE A PRÓXIMA OPORTUNIDADE E PRATIQUE ESSAS IDEIAS

Uma coisa que acontece frequentemente quando entramos em contato com um novo conhecimento que pode fazer a diferença em nossa vida é:

1) Aceitar que esse conhecimento pode fazer a diferença em nossa vida;

2) Não fazer nada com esse conhecimento.

Assim, ter lido esse conteúdo, ter entendido que ele pode fazer muita diferença nos resultados de suas avaliações mas não colocar em prática, é como chegar à 1 metro da linha de chegada numa corrida e desistir.

Portanto, que tal tentar aplicar essa ideia na prática. 

Escolha uma avaliação que você vai fazer. 

Talvez uma prova de uma disciplina que você não se deu bem, e que precisa se sair melhor agora. 

Coloque essa técnica em prática e veja se os resultados convencem você a adotar essas estratégias mais e mais, até o ponto em que ter resultados positivos em suas avaliações se torne um hábito para você.